Não Tenho Idade, Tenho Vida...

ILUSÃO

 

Eras assim... singular magnífica.
Anulavas a distância
entre o nada e o não ser,
entre o impossível e o ali.

 

Eras assim... Com cabelos de esperança e dedos de tinta
a escorrer pelas folhas de papel.
Fluias no silêncio
e redimias a agressividade do Inverno.

 

Não envelhecias.
E sem rosto, sem fisionomia
nem cabelos brancos
trazias o tempo, o ontem.
O ontem possuia um veleiro
que transportava um sonho.
E ao ritmo da força interior
e da vontade grande de seguir
derrubava muros,
gerava metamorfoses
quando a esperança se trucidava.

 

Ilusão sem endereço,
mesmo quando apetecia chorar,
dormir ou esquecer
o colo da mãe.

 

Contigo,
apetecia não calar,
ouvir a música ignorada
e separar as folhas
das margens do desespero.

 

Respirava e
acreditava na identidade metafísica
das coisas desconhecidas
e dos valores mensuráveis
ainda existentes,
no universo das emoções.

 

 Diana Enriquez

 

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